terça-feira, 19 de setembro de 2017

"Vagabundos" e "Vencedores"

"Existem 2 classes sociais. A dos que não comem e a
dos que não dormem com medo da revolução dos
que não comem." - Milton Santos
Acampamento do MTST em São Bernardo / SP
7 mil pessoas ocupam terreno que estava
abandonado há mais de 40 anos.
Temer zerou as linhas de crédito imobiliário para faixa popular conhecida como MCMV (Minha Casa Minha Vida).
Somado à recessão e ao desemprego, o acesso dos mais pobres a casa própria fica completamente inviabilizado.

Essa decisão de cortar o MCMV ocorre ao mesmo tempo em que dívidas bilionárias de bancos, ruralistas e teles são perdoadas. Juízes e promotores são contemplados com aumento de 40% em seus pomposos salários.

Além disso, juízes e promotores ainda contam com o vergonhoso auxilio moradia no valor de R$4500/mês, entre outros "penduricalhos".

O famoso promotor da lava-jato, Dallagnol, chegou a adquirir 2 unidades de um dos empreendimentos do MCMV. vide post

Cena do filme "Tropa de Elite"
Eis que no último sábado, 16/09/2017, um tiro é disparado contra uma ocupação do MTST / Povo Sem Medo com mais de 7 mil sem teto em São Bernardo/SP. O tiro partiu de um condomínio de luxo na vizinhança.

O episódio não teve repercussão na mídia. Nenhum juiz expediu "mandado de busca coletivo" onde a polícia é "autorizada" a invadir qualquer barraco e interrogar qualquer pessoa utilizando qualquer método.

Esse tipo de procedimento, bem representado no filme "Tropa de Elite", faz parte do cotidiano das periferias e favelas das grandes cidades.

Condomínio de luxo no bairro do Morumbi/SP divide
vizinhança com favela e expõe o absurdo contraste
social no Brasil
Mas, "mandado de busca coletivo" só vale para favelado. É absolutamente impensável que um juiz desse autorização para a polícia invadir os apartamentos do tal condomínio de luxo até encontrar o "cidadão de bem" que realizou o disparo.

Por outro lado, imaginem o que teria acontecido se o tiro tivesse partido do acampamento contra o condominio.

Mídia, latifundiários, juízes, banqueiros, os donos do poder em geral, via de regra, são grandes especuladores.

Movimentos sociais "atrapalham" seus negócios. Por esse motivo, são normalmente apresentados para o público como vagabundos, que querem "ganhar sem trabalhar". Segundo a mídia, "se é pobre, é porque não se esforça. Portanto, não merece".

Apesar de tudo, essa propaganda é o que vem mantendo a classe, que passa fome,
sob controle.

Até quando isso vai funcionar ?

Polícia joga gás de pimenta em mãe e
crianças durante reintegração de posse.

O poder público abandona pessoas em situação vulnerável
a própria sorte para garantir o lucro dos especuladores.

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